quinta-feira, 15 de julho de 2010

É o fim do casamento?



Univertango: OST 60 x 40

Há muito tempo as sociedades – sobretudo no ocidente - procuram de todas as formas frear os impulsos poligâmicos de seus membros - e antes que a confusão se estabeleça, por membros, entenda-se pessoas. E este ímpeto conservador tanto é verdadeiro que, para reforçar as uniões, deixá-las quase que indestrutíveis, desde há muito são realizadas em duas frentes: o casamento perante o onipotente, onisciente e onipresente Deus - por estas bandas representado por uma infinidade de prepostos de todos os tipos que, em comum, sempre deixam claro que a união tem que valer até a morte - e, por outro lado, pela letra fria de um aparato judicial que tudo faz para torná-las quase indissolúveis. Somado a tudo isso, um terceiro e simbólico elemento que serve como alerta a possíveis pretendentes: um aro de metal enfiado no dedo anular da mão esquerda. E a tal aliança é um artifício diabólico: basta que o sujeito engorde dois gramas para que sua condição civil fique marcada ad eternun. Se bem que conheci um sujeito que, para não correr este risco, usava uma pequena tira de feltro por baixo da aliança. Questionado pela esposa, dizia: “amorzinho, é para proteger a inscrição de nossos nomes da ação do ácido úrico”. E ela docemente acreditava; ou fazia de conta.
Mas o tempo passou e, pelo menos no que se refere à união civil, as amarras foram sendo afrouxadas. No Brasil, em 1977, depois de um embate tenebroso, o divórcio virou lei. Mas uma série de condicionantes ainda permaneceu fazendo parte do cenário, dificultando o desfecho. Pois agora, 33 anos depois, o divórcio passou a ser quase que instantâneo. Novamente os setores mais conservadores bradaram: “é o fim do casamento e, por extensão, da família!” Não acredito nisso! Além do que é cem por cento certo que o divórcio está umbilicalmente ligado ao casamento. Portanto, o número de casamentos deve mesmo aumentar.
De qualquer forma o que tem que ficar claro é que tudo isso não passa de subterfúgios artificiais – absolutamente ineficazes - para manter o “sagrado” matrimônio.
Penso que as pessoas deveriam fazer como meu camarada Antônio: após dezoito casamentos – um deles com a Elizabeth Taylor – criou o que chama de os dez mandamentos de Antônio para seu casamento não afundar:

1) Condicionar os ouvidos a funcionarem no modo stéreo: o da direita para ouvir as reclamações e o esquerdo para, concomitantemente, prestar atenção na narração do jogo de futebol;

2) Sempre passear de mãos dadas: a esposa voltada para o lado de fora da calçada, de forma a dificultar o acesso visual às vitrines e, por conseqüência, das compras;

3) Configurar a agenda do celular para que, em hipótese alguma, sejam esquecidas datas fundamentais: aniversário de namoro, do primeiro beijo, da primeira vez, de noivado, de casamento, dela própria, da sogra e do gato Ron-ron;
4) Antes de sair para o trabalho, disfarçadamente fotografá-la para, ao retornar poder dar uma conferidinha, tornando viável identificar aquela mecha de cabelos que ela resolveu pentear para o outro lado;

5) Jamais comprar roupas que fiquem apertadas, tampouco largas demais. Qualquer menção quanto a alterações de peso pode despertar seus mais selvagens instintos;

6) Nunca, mas nunca mesmo, chamá-la de mãe.

7) Não cochilar durante as apresentações de balé daquele obscuro grupo da periferia de São Petersburgo;

8) Dormir em camas separadas em épocas de T.P.M. Ela em sua confortável king-size e você na casa de praia;

9) Dar total apoio quando ela decidir fazer cursos de biscuit, reike, bijuterias, maquiagem, etc.; e

10) Não compará-la à sua mãe.

O Antônio garantiu que não vai precisar casar-se novamente. Sei não, aposto que a esposa dele deve ter sua própria relação de mandamentos. Pelo sim, pelo não, siga, adapte, construa seus próprios mandamentos. E se não der resultado, divorcie-se e case novamente; uma hora vai dar certo. Seja lá o que isto signifique. E boa sorte!

3 comentários:

  1. casamento começa ruim, mas depois vai piorando, piorando...

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  2. suponho q o grande problema sejam exatamente os contratos. seja la o q isso signifique. ;)

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  3. Oi Dimas, estou aqui me deliciando com seu blog!
    Inteligente, com humor, uma pitada de cinismo...rs muito legal! parabéns! beijosss

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