Uma verdadeira onda de histeria coletiva gradativamente tem tomado conta do Brasil – e se trata de um fenômeno que não se vê tanto na Europa quanto nos demais países latino-americanos. Na Argentina e em Portugal, por exemplo, as relações são muitíssimo mais civilizadas. Falo da intolerância crescente de parte de uma parcela significativa dos não-fumantes em relação aos fumantes.
Aparentemente impulsionada pela rejeição ao tabaco em face da sua indiscutível nocividade, mas que, se examinarmos as atitudes práticas das pessoas não-fumantes em relação a sua própria saúde, fica bastante claro que este apartheid guarda motivações nem sempre tão claras quanto parecem. Talvez seja movido por uma intolerância oriunda de possíveis traços autoritários de personalidade – mesmo que inconscientes - do que qualquer outra real motivação. Mas isto é apenas uma hipótese. De qualquer forma, este apartheid fica tão mais claro quanto cada vez se torna mais comum verificar que aos fumantes sequer é concedida a possibilidade de aplacar seus sofrimentos, resultantes da abstinência da nicotina e do alcatrão, em locais separados ou mesmo em prosaicas janelas. Os anti-fumo radicais parecem não se sensibilizar, simplesmente expelem os “fumantes-canalhas” dos prédios comerciais, pouco interessando se faz frio intenso, chuva ou calor saárico. Fodam-se, parece ser a mensagem; quem mandou serem viciados! Que fumem na rua! Sei não, mas não me causaria espécie se num futuro próximo os fumantes venham a ser apedrejados em praça pública, ao melhor estilo da República Islâmica do Irã. Falta apenas a primeira pedra... E ao que parece, mãos não faltarão.
Mas eu falava da inconsistência da afirmação da razão para a segregação em função da preocupação com a saúde que os fumantes passivos dizem ter.
Aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, 48% da população é obesa (no Brasil são 46%) em função dos péssimos hábitos alimentares e do sedentarismo contumaz, o que revela que a preocupação com a saúde não é tão evidente assim. E neste contexto, é bastante comum sedentários ostentando imensas quantidades de gordura abdominal – aquele tipo que se desloca facilmente às artérias, obstruindo-as – dando discursos ferozes contra os fumantes, do alto de uma condição moral que não tem; ou, ainda, hipertensos - beberrões confessos – cerrando fileiras ao lado dos histérico-xiitas. Os mais ferozes críticos dos fumantes que conheço são exatamente assim: desenvolvem hábitos/estilos de vida nada saudáveis, mas mesmo assim não se furtam em censurar quem fuma, radicalizando as relações. Obviamente o rabo dos outros é mais colorido, é claro. Aliás, essa é uma das características que em nada engrandece as pessoas: ausência de auto-crítica que, quando conjugadas com a incapacidade de examinar as questões para além da superficialidade, resultam no que aí está.
Outro exemplo que demonstra que a preocupação com a saúde é uma falácia: no inverno passado, com o vírus H1N1 ceifando vidas a todo o momento no sul do país, era absolutamente comum encontrar andares inteiros de prédios comerciais hermeticamente fechados, sem uma frestinha sequer pela qual o ar pudesse ser trocado. Onde estava a preocupação com a saúde? Enfim, exemplos de atitudes incompatíveis com quem se diz preocupado com a saúde abundam. Mas enfim...
Quanto aos ex-fumantes – que hoje engrossam o coro dos histéricos-xiitas – cabe apenas uma breve observação: a sorte deles é que quando fumavam ninguém fez com eles algo remotamente parecido com o que eles hoje fazem com os atuais fumantes. E olha que em suas épocas fumava-se até em elevador. Mais estranho ainda, os não-fumantes da época pareciam realmente não se importar sequer com o cheiro. Hoje até em lugares ao ar livre é bastante comum ver pessoas recriminando fumantes. Ou seja, pegaram os fumantes para Cristo.
De qualquer forma, não pretendo ser louco o suficiente para defender a tese absurda de que se deva fumar. O cigarro é extremamente nocivo à saúde; que isso fique bem claro. O que chamo a atenção é de que os níveis de dependência que o cigarro impõem amarras dificilmente superáveis. Quem diz são os especialistas. Portanto, também é uma questão de um mínimo de humanidade que se administre as relações de forma mais civilizada. Alternativas existem. A barbárie não é a única, como parece ser.
Por fim, neste conexto de relações conflituosas - e forçando um pouco a barra- pode-se dizer que surgiram duas novas categorias sociais: fumantes e não-fumantes. Construindo-se, então, uma linha a partir destes dois tipos-ideais e colocando-os um em cada extremidade, teríamos algo mais ou menos assim: numa ponta os fumantes e, na outra, os não-fumantes, sendo que a aproximação maior de uma e outra extremidade determina o grau de intolerância quanto a possibilidade de convivência civilizada entre ambos. Então, por um lado temos os fumantes radicais, que não admitem qualquer forma de regulação quanto ao seu vício e, do outro, não-fumantes que, por sua extrema intolerância, chamarei de histérico-xiitas. O ponto zero, indica um maior grau de civilidade nas relações do conflito de interesses de ambas as partes.
Aparentemente impulsionada pela rejeição ao tabaco em face da sua indiscutível nocividade, mas que, se examinarmos as atitudes práticas das pessoas não-fumantes em relação a sua própria saúde, fica bastante claro que este apartheid guarda motivações nem sempre tão claras quanto parecem. Talvez seja movido por uma intolerância oriunda de possíveis traços autoritários de personalidade – mesmo que inconscientes - do que qualquer outra real motivação. Mas isto é apenas uma hipótese. De qualquer forma, este apartheid fica tão mais claro quanto cada vez se torna mais comum verificar que aos fumantes sequer é concedida a possibilidade de aplacar seus sofrimentos, resultantes da abstinência da nicotina e do alcatrão, em locais separados ou mesmo em prosaicas janelas. Os anti-fumo radicais parecem não se sensibilizar, simplesmente expelem os “fumantes-canalhas” dos prédios comerciais, pouco interessando se faz frio intenso, chuva ou calor saárico. Fodam-se, parece ser a mensagem; quem mandou serem viciados! Que fumem na rua! Sei não, mas não me causaria espécie se num futuro próximo os fumantes venham a ser apedrejados em praça pública, ao melhor estilo da República Islâmica do Irã. Falta apenas a primeira pedra... E ao que parece, mãos não faltarão.
Mas eu falava da inconsistência da afirmação da razão para a segregação em função da preocupação com a saúde que os fumantes passivos dizem ter.
Aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, 48% da população é obesa (no Brasil são 46%) em função dos péssimos hábitos alimentares e do sedentarismo contumaz, o que revela que a preocupação com a saúde não é tão evidente assim. E neste contexto, é bastante comum sedentários ostentando imensas quantidades de gordura abdominal – aquele tipo que se desloca facilmente às artérias, obstruindo-as – dando discursos ferozes contra os fumantes, do alto de uma condição moral que não tem; ou, ainda, hipertensos - beberrões confessos – cerrando fileiras ao lado dos histérico-xiitas. Os mais ferozes críticos dos fumantes que conheço são exatamente assim: desenvolvem hábitos/estilos de vida nada saudáveis, mas mesmo assim não se furtam em censurar quem fuma, radicalizando as relações. Obviamente o rabo dos outros é mais colorido, é claro. Aliás, essa é uma das características que em nada engrandece as pessoas: ausência de auto-crítica que, quando conjugadas com a incapacidade de examinar as questões para além da superficialidade, resultam no que aí está.
Outro exemplo que demonstra que a preocupação com a saúde é uma falácia: no inverno passado, com o vírus H1N1 ceifando vidas a todo o momento no sul do país, era absolutamente comum encontrar andares inteiros de prédios comerciais hermeticamente fechados, sem uma frestinha sequer pela qual o ar pudesse ser trocado. Onde estava a preocupação com a saúde? Enfim, exemplos de atitudes incompatíveis com quem se diz preocupado com a saúde abundam. Mas enfim...
Quanto aos ex-fumantes – que hoje engrossam o coro dos histéricos-xiitas – cabe apenas uma breve observação: a sorte deles é que quando fumavam ninguém fez com eles algo remotamente parecido com o que eles hoje fazem com os atuais fumantes. E olha que em suas épocas fumava-se até em elevador. Mais estranho ainda, os não-fumantes da época pareciam realmente não se importar sequer com o cheiro. Hoje até em lugares ao ar livre é bastante comum ver pessoas recriminando fumantes. Ou seja, pegaram os fumantes para Cristo.
De qualquer forma, não pretendo ser louco o suficiente para defender a tese absurda de que se deva fumar. O cigarro é extremamente nocivo à saúde; que isso fique bem claro. O que chamo a atenção é de que os níveis de dependência que o cigarro impõem amarras dificilmente superáveis. Quem diz são os especialistas. Portanto, também é uma questão de um mínimo de humanidade que se administre as relações de forma mais civilizada. Alternativas existem. A barbárie não é a única, como parece ser.
Por fim, neste conexto de relações conflituosas - e forçando um pouco a barra- pode-se dizer que surgiram duas novas categorias sociais: fumantes e não-fumantes. Construindo-se, então, uma linha a partir destes dois tipos-ideais e colocando-os um em cada extremidade, teríamos algo mais ou menos assim: numa ponta os fumantes e, na outra, os não-fumantes, sendo que a aproximação maior de uma e outra extremidade determina o grau de intolerância quanto a possibilidade de convivência civilizada entre ambos. Então, por um lado temos os fumantes radicais, que não admitem qualquer forma de regulação quanto ao seu vício e, do outro, não-fumantes que, por sua extrema intolerância, chamarei de histérico-xiitas. O ponto zero, indica um maior grau de civilidade nas relações do conflito de interesses de ambas as partes.
Em que ponto da linha você se encontra?
I____________________________0___________________________I
Fumantes........................Civilização................Anti-fumantes radicais...................................................... histérico-xiitas
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Fumantes........................Civilização................Anti-fumantes radicais...................................................... histérico-xiitas
Sou ex- duas carteiras de Marlboro/dia e protesto contra o fumo em restaurantes. Até porque depois do café ainda dá uma vontadezinha. Isso que faz mais de 15 anos...
ResponderExcluirAi cunhado, tu sabe que vivi a vida toda com fumantes, pai, mãe e irmão, e em criança achava super chique minha mãe fumando. Mas o que é muito ruim é o cheiro, pra quem não fuma o cheiro é muito forte e fica na nossa roupa e no cabelo. Semana passada a Natinha foi com minha mãe visitar minha tia que fuma dentro da casa dela, óbvio né. A guria voltou de lá super tarde e pediu pra dormir comigo um pouquinho, o cheiro de cigarro no cabelo dela não deixava essa grávida enjoada aqui dormir. Coloquei a guria no banho quase meia noite!
ResponderExcluirDe resto eu tenho certeza que é muito muito difícil parar, e cada um sabe onde lhe aperta o sapato, afinal eu não largo minha coca zero por nada no mundo, mesmo sabendo que é uma porcaria viciante.
beijoca