sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Beijos de chumbo na terra da liberdade.

Apenas algumas mãos descobertas dos encardidos lençóis em plena avenida, e um bando de mórbidos pares de olhos fumegantes de mortos-vivos silenciosamente aplaudindo, com suas palmas de aço, o resultado da cena protagonizada por mais um maluco-fascistóide qualquer e sua pistola 9mm com o cano ainda quente pelos disparos em seqüência até a última bala do pente. Pronto! Alguém mais resolveu por conta própria fechar as cortinas de outros. O eterno fascínio pela solução final, sem chance de defesa ou contraponto. Simples assim. Não, não digo que todos o convidariam para um jantar em família; talvez preferissem deixá-lo educando suas crianças durante as férias de verão. Sabem como é, um bom norte-americano precisa desde cedo aprender a atirar para defender-se dos inimigos que julgam ter e ser um bom republicano temente ao deus que acreditam tê-los ungido como o "povo escolhido". Aliás, às crianças criadas sob este manto de medo só são permitidos solilóquios com seus amiguinhos imaginários na primeira infância; tempos felizes que precedem a fábrica de inimigos, imáginários ou não, que os acompanhará pelo resto de seus dias. Um fenômeno coletivo, muito antes de ser algo individualmente construído. Na raiz da formação deste imaginário coletivo encontra-se a história dos EUA que foi desvelada assim, sempre com a contraposição a algum mal que causasse temor , ao que deveriam responder com o extermínio. Nesta dança macabra, sem que fossem convidados com um mínimo de gentileza, entraram indígenas, inglêses, mexicanos, negros, comunistas, árabes e, para deixar claro que o inimigo pode estar cortando a grama do jardim ao lado, vez ou outra fazem alguns presidentes entrarem para a história cheirando pólvora. Mas neste último caso, invariavelmente os escolhidos são políticos de matizes menos reacionárias, comparando-se com o que (não)pensa o repúblicano-cristão médio. E dê-lhe solução a bala! Nesta lógica, Mark Chapman achava John Lennon hipócrita. O que fazer? Assassiná-lo, é óbvio. Ato isolado de um maluco ou apenas mais alguém seguindo a linha de pensamento do estreito leque de opções para solucionar impasses? Os constantes massacres em escolas parecem seguir a mesma lógica.
E assim, contraditóriamente, e forçando um pouco a barra, o fascismo - aqui entendido como solução de força - foi e continua seduzindo grande parte da população na "terra da liberdade", pois lhes parece ser perfeitamente democrático substituir a aceitação do contraditório e do diferente por estalar de beijos de chumbo. Quem será o próximo?

Um comentário:

  1. Que não seja nós!Como sempre muito bom!
    Me manda teu e-mail.Quero um ping pong com vc se me der o prazer.
    Uma otima semana,Sr,Morceguinho!
    Beijao

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