quarta-feira, 24 de junho de 2009

Eu também quero lançar !


Enchi a paciência de ver neguinho lançando isso, lançando aquilo.
Tem carinha que a cada estação diz o que vai e o que não vai ser bonito na estação seguinte.
É gravadora lançando o velho com cara de novo; caretices com ares de vanguarda.
Não falta marqueteiro repetindo: "a nova forma de fazer política; a nova forma de..."
O novo pastel de camarão com schimia de ameixa e batata-doce.
O novo regime.
A nova e revolucionária escova de dentes.
Aliás, só um pouquinho, não dá prá não falar. Como é que os caras conseguem criar tantas "novidades" em cima de um utensílio que nada mais é do que um cabo de dez ou quinze centímetros, com uma das extremidades levemente mais larga e povoada por pêlos ? Publicitários, publicitários... O quê ? Sim, eu sei que pelas novas regras pêlo não tem mais acento circunflexo. Dane-se ! Vão se catar ! Mas convenhamos, que palavra mais esquisita prá descrever um "chapéuzinho". Circunflexo. Que palavra...Já pensou o cara chegar na loja e pedir um "circunflexo" igual ao do Humphrey Bogart ou um tipo o do Carlitos? Estranho. Muito estranho. Chapéuzinho é mais simpático.
Mas voltando. A Tv elegendo "o crime do ano". E dê-lhe imagens, entrevistas prá todo o lado, entrevistas com especialistas, palpite daqui, dali, imagem de novo... E o polvo se emocionando...
Mas porque tô falando tudo isso ? Elementar, tudo prá preparar o terreno pro meu lançamento. É, o meu lançamento. Com toda pompa e solenidade que hoje em dia marcam as banalidades.
Com o sucesso das cotas para negros... Ops, não acredita ? É, é um sucesso sim senhor. Olha só. Foi feito um estudo com as turmas que entraram em 2004 nas federais do RJ e da BA. Dizia-se que os negros não acompanhariam o ritmo de estudos dos demais. Preconceito puro. O estudo revelou que a média de aproveitamento acadêmico dos negros foi igual a média dos demais estudantes. Porém, ah porém, os negros levam vantagem num quesito importantíssimo: o índice de permanência na facu. Dito de outra forma: o índice de evasão escolar é muitíssimo inferior ao dos não-cotistas. E não custa lembrar que as universidades públicas são financiadas com a grana de toda a sociedade. Entonces, o estudo revelou que os negros cotistas valorizam mais o espaço que lhes é facultado pelas cotas. Então, baseado nesse sucesso das cotas pensei em também lançar alguma coisa. Aí vai. Rufem os tambores: rancan, rancan rrrrrrrrancan, tatataá, tatatatáa, ta ta ta tááááá ta ta ta táaaa...
Que seja lançada a cota para ricos nas universidades públicas. Isso mesmo. Que seja reservado 5% (ou menos) de vagas a título de cotas para os ricos, semi-ricos, quase-ricos, emergentes, novos-ricos, classe média-alta, etc.etc. E o resto das vagas que fiquem para negros, indígenas, pobres, semi-pobres, tri-pobres, super pobres, classe média-baixa e classe média. E olha só que maravilha. Estes, quem sabe, poderão dar um salto social e seus filhos, no futuro, poderão ter que batalhar para entrar nos 5% de vagas para ricos ou irem para as universidades privadas. Já se os cotistas enquadrados nos 5% tiverem o mesmo desempenho acadêmico e índice de não-evasão dos demais, ganharão um pirulito no fim do curso. Merecidamente, merecidamente...

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