quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cena improvável.


A manhã estava tão úmida que eu parecia mergulhar na atmosfera. Uma chuvinha rala e deitada molhava a calça até os joelhos. Como de costume desci do lotação - algo que só portoalegrense conhece - e me dirigia ao trabalho manobrando com imensa dificuldade o heróico morcegão. O vento minuano vinha do rio guaíba, driblava o famigerado muro da Mauá e avançava península adentro. Os prédios, enfileirados anarquicamente a poucos metros do rio, formavam canais por onde o vento dançava violentamente como numa roda punk. Pois nesse ambiente inóspito, abaixo de uma frondosa árvore localizada no lado oposto do Mercado Público Municipal, em pleno Largo Glênio Peres, incrivelmente um músico empunhava seu...seu...violino. Isto mesmo, um violino em plena manhã chuvosa no centro de Porto Alegre. E o cara tascava adaptações de músicas populares amplificadas pela sua aparelhagem um tanto quanto tosca. Convenhamos, independentemente da questão do gosto musical, a cena é que importava. E que cena...que cena...

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