quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Histórias Absurdas I - A irresponsabilidade oficial: "Não se pode parar a cidade."

Acabo de ver uma reportagem na TV Bandeirantes. Mais uma das tantas que vi e escutei nos mais diversos órgãos de imprensa. Nem é mais novidade, mas fiquei putérrimo da cara com o que acabo de ver e ouvir.
Mais uma vez o secretário estadual de saúde do RS Osmar Terra justifica a volta às aulas, a manutenção de cinemas abertos, shows, shopings, templos religiosos, etc.etc. com o singelo argumento de que não se pode parar a cidade.
Como não se pode secretário ? Pode sim ! Atividades não essenciais podem sim senhor serem paradas. Qual é o argumento razoável para não se adiar shows de Roberto Carlos ? Por quê não fechar esses locais e sei lá mais o quê por alguns dias ?
Vá lá, algumas pessoas perderão um pouco de grana. Mas recuperarão mais adiante. Ou quem sabe o estado dá uma compensaçãozinha abatendo um pouco dos impostos desse pessoal ? Este Estado já concedeu polpudas e absurdas isenções a muita gente que não precisava. Sei, isso só poderia ser feito no ano que vem pois em matéria tributária só se pode remeter alterações ao exercício seguinte. Mas isso é apenas uma idéia bruta. Levei quinze segundos para imaginar. Deve haver outras possibilidades. Mas tem que pensar e não ter medo de enfrentar um pouquinho só alguns interesses econômicos mais imediatos.
Bom, até aqui só falei em atividades onde as pessoas não são obrigadas a comparecer. Mas e as pessoas que são obrigadas a trabalhar nesses locais ? Hein ???

E as aulas ? Este é um capítulo à parte pois envolve centenas de milhares de pessoas.
Por quê não adiar em mais duas semanas o reinício das aulas já que para esse mesmo período é esperada uma intensificação da ação da gripe ? Até agora ninguém apresentou qualquer argumento razoável. Aliás só apresentaram um: "não se pode parar a cidade". Mas é só isso que o intelecto desse cara e da digníssima secretária da educação podem produzir ? Isso é o máximo ? É isso o que merecemos ?
Mas a bem da verdade, na entrevista referida no inicio, o secretário deu uma titubeadinha quando falou das aulas. Não pareceu lá muito convicto com o que dizia. Lançou até mesmo um pequeno movimento das mãos como que a procurar algo um pouquinho mais convincente para ajudar na sustentação do seu paupérrimo, do constrangedoramente simplório argumento. Claro, é difícil mesmo.

Então:
Como convencer de que a gripe A - que se trata de uma doença infecto-contagiosa sobre a qual o conhecimento está sendo construído com o "andar da carruagem" - não oferece risco a milhares de grupos de trinta a quarenta pessoas que serão obrigadas a se reunirem em ambientes fechados por quatro ou cinco horas diariamente ?

Tarefa difícil. E para irritar um pouco mais, nenhum deles vem a público dizer qual seria o problema em adiar por mais duas semanas o reinício das aulas, período no qual, segundo infectologistas, deverá haver um arrefecimento na atuação do vírus da gripe A. Nem um motivozinho sequer.

Frente a tudo isso, posso pedir-lhes uma coisinha ?

Se houver uma morte apenas nesse universo de milhares de pessoas, podemos fazer o velório na sala de sua casa secretário Osmar Terra ?
Ou seria mais agradável a casa da secretária da Educação Marisa Abreu ?

Ah, mas imagino. À noite vocês deitarão em seus travesseiros fofuchos e vão racionalizar alguma explicaçãozinha fuleira qualquer para conseguir dormir. E acho que conseguirão. Se assim não fosse não tomariam a atitude estúpida que estão tomando.

E não adianta dizer que não tomaram a decisão sozinhos. Quem tem o poder e não o exerce adequadamente frente a uma situação extrema peca tanto quanto se o tivesse exercido de forma equivocada. Aliás, diga-se de passagem, a secretária sabe muito bem bater seu pézinho quando quer alguma coisa, não é
D. Marisa ?
Aliás a D. Marisa saiu-se com mais uma daquelas inacreditáveis. Questionada sobre o não envio de álcool gel às escolas para que fosse viabilizada a assepsia do material escolar após cada turno de estudos, disse mais ou menos o seguinte: "as escolas que se responsabilizem pela compra do material." Ou seja, a secretária simplesmente "lavou as mãos". Com álcool gel, é claro, pois de boba ela não tem nada.


Mas sinceramente, fico imaginando, caso tenham filhos, é claro.
Como farão para explicar-lhes sobre o menininho ou a menininha; o professor ou a professora que estarão sendo velados em sua sala ?

Até imagino a cena:
Filhos: - Pai/mãe, por que ele(a) está morto(a) ???
Secretário(a): Forte suspiro.

Mas vocês vão gelar mesmo quando seus filhos lhes perguntarem:
- Por quê ele(a) está aqui ???

Basta um, senhores; basta um !!!

Então, se quiserem emoções fortes, exponham seus próprios pescoços ao risco e não o dos outros.

Bueno, mas como minha preocupação é com as pessoas e não com aspectos políticos - o que seria uma canalhice - vai sobrar prá todo mundo.
Então, lá vai: CEPERS, CADÊ VOCÊ ???
Tenho lido e escutado muito sobre o tema, mas não tive o prazer de ouvir a opinião do CEPERS. Será que esse tema não lhe diz respeito ? Só para lembrar, a omissão é tão nociva quanto atitudes equivocadas.

Realmente vivemos tempos estranhos. Parece que perdemos definitivamente a noção da escala de valores.

Déficit zero, sim !
Vida, se for possível !

2 comentários:

  1. Acho o seguinte! Ou para tudo ou não para nada! No meu trabalho as grávidas tiveram 15 dias de licença por causa da tal gripe. E na minha sala tem uma, que foi vista no shopping em pleno sábado. Quer dizer que lá não tem perigo? Ai não posso com essas coisas!

    Obrigada pela visita!

    Beijocas

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  2. Cunhado, Natinha voltou as aulas hoje e eu estou tentando não ficar neurótica com isso. Orientei, expliquei o que não pode, o que fazer.
    Depois de tudo explicadinho ela me diz: "mas dar um pouco do meu suco pra Darda pode né mãe? Ela adora os meus sucos!"
    Sinceramente nao adianta, ela só tem 6 anos.
    Os adultos que deveriam protegê-los optam por não fazê-lo.

    obrigada pelas musiquinhas...

    beijos

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