quinta-feira, 6 de maio de 2010

"A dama da madrugada"

Ginger Rogers

A arte, seja qual for a forma de manifestação – literatura, artes plásticas, cinema, teatro, música, etc – sempre guarda uma certa relação com sua contemporaneidade. Partindo desta premissa os títulos de filmes, por exemplo, são reveladores de uma certa poética que a indústria cinematográfica considera mais adeqúada a cada tempo histórico. E neste sentido, os títulos dos filmes antigos sempre me chamaram a atenção pela carga dramática neles contida. Por isso mesmo resolvi construir um mini-conto apenas com alguns deles.

"A dama da madrugada (1961)".

Enquanto "a noite sonhamos (1945), "todas as noites as nove (1977)", sob "as neves do Kilimanjaro (1952)" "a inconquistável Molly (1964)" - como "alegre divorciada (1934)" - deixava "a dama oculta (1938)" de lado e sucumbia à "sublime tentação (1956)" de transformar-se em "baronesa transviada (1957)".
Como "anjo diabólico (1946) ", mostrava sua "face oculta (1961)" de "vênus loura (1932)" – loura pois tanto sabia que "os homens preferem as louras (1953)" quanto que os "homens se casam com as morenas (1954)" - e ela não mais queria casar; preferia estar "de folga para amar (1958)" já que "do mundo nada se leva (1938).
Assim, "ardida como pimenta (1953)", no "balanço das horas (1956)" entregava-se "até as últimas conseqüências (1996)" ao primeiro "boêmio encantador (1938)" – ainda que fosse "um estranho na escuridão (1946)’’ recém saído de qualquer "taberna das ilusões perdidas (1960)" - deixando de lado "a doce vida (1960)" de "bonequinha de luxo (1961)" que passava as tardes como num "conto quase de fadas (1997)" - mais parecendo um "amor de dançarina (1933)" embalada pelo som do "violino vermelho (1998)" do que "o diabo feito mulher (1952)", que na realidade era.
- Nunca fui santa (1956)" !, dizia.
- Se "tudo o que o céu permite (1955)" é "uma janela para o amor (1985)"; "entre Deus e o pecado (1961)" acho que "o céu pode esperar (1978)" !
- Então, "ama-me esta noite (1932)". E só.
E Molly era assim mesmo: uma "adorável pecadora (1960)" que vivia entre "agonia e êxtase (1956)" o tempo todo, contrariando a máxima de que "elas querem é casar (1959)".
Aparentemente uma "alma torturada (1942)", parecia convicta de que "amar é sofrer (1954)"; talvez por isso jamais tenha dito "ama-me com ternura (1956)": "carícias de luxo (1962)" e "confidências à meia-noite (1959)" eram-lhe suficientes.
Este, então, era seu "divino tormento (1940)": preferir "almas em chamas (1949)" à "almas imaculadas (1958)".
Desta forma Molly alternava "amores clandestinos (1959)" e "só por uma noite", pouco interessando "com qual dos dois (1941)", ou três, ou se era "um estranho no ninho (1975)", ou, ainda, se "dizem que é pecado (1951)". "No silêncio da noite (1950)" bastava-lhe concluir que "é deste que eu gosto (1953)" para que, "como gata em teto de zinco quente (1958)", com seus "lábios de fogo (1957)" lambuzar-se com o "fruto proibido (1940)" em qualquer "esquina do pecado (1941)".
- "Quando um homem é homem (1963)"; "quanto mais quente melhor (1959)"!
- "Isto acima de tudo (1942)",
dizia ela às gargalhadas.
Assim, "com o mundo em seus braços (1952)", quando diziam "que só a mulher peca (1952)", respondia agarrando o primeiro "irresistível forasteiro (1958)" – "os eternos desconhecidos (1958)" - que passasse à sua frente.
- "Deus é meu juíz (1956) !, e ponto final.
Mas como "só os diamantes são eternos (1965)", a noite sempre acabava, e quando "um raio de sol (1941) " anunciava que a fatídica "hora final (1959)" para "o despertar amargo (1968)" chegava, ficava a se perguntar:
-"Onde estavas quando as luzes se apagaram (1968) ?" Nem sei se "ver-te ei outra vez (1945)"; "talvez algum dia (1979)". Na verdade nem importa; fico "com o céu no coração (1954)" esperando pela "lua prateada (1953) outra vez.
- "Bom dia, tristeza (1958)"
"E a vida continua (1993)"...
P.S. "não me mandem flores (1964)"!

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